sábado, 17 de março de 2012

Meu Ernani...

“Meu Bolonha. Que carinho e que dedicação.” Com essas doces palavras, meu amigo Ernani Pires Ferreira dedicava um exemplar de seu livro para mim, no mesmo ano em que as Torres Gêmeas caíram. O mundo nunca mais foi mesmo, o que não significou muito para nós, que fazíamos o que gostávamos, realizados na vida.

Depois de um início com meu pai, ainda adolescente, na rádio, fui contratado em 1994 pelo doutor Luiz Macedo, então Diretor de Marketing, para atuar como repórter na TV Turfe. Logo passaria a comentarista oficial e apresentador dos principais programas do Jockey Club Brasileiro. Ao lado do Ernani, o locutor oficial, a imbatível “máquina de transmitir”, tive os melhores anos de minha vida.

Até que, em 2008, fomos sumariamente demitidos pelo presidente recém-eleito. Ernani e eu passamos por um longo período de depressão. Recentemente, soube que ele estava melhor e que vinha ganhando seu processo trabalhista contra o Jockey. O meu, perdi. Dizem que falei demais, que deveria ter respondido apenas “não”, quando o advogado do Jockey perguntou se eu era sócio do clube. Honesto, o espírito do comunicador se manifestou e eu respondi que não: “Mas a minha filha é, meu sobrinho é, minha ttia e primos são.”

Assim o Jockey teria provado que eu, que cheguei a ter FGTS retido de meus pagamentos, muitos dos quais não repassados ao INSS, nunca fui funcionário, mas um “amigo de sócios para quem se arrumou uma ocupação remunerada”. Ou coisa do tipo. Às vésperas de completar 60 anos e sem poder me aposentar por não poder contabilizar os quase 15 anos que trabalhei no Jockey, saí com uma mão na frente, outra atrás.

Felizmente, com apoio da minha família, estou bem melhor hoje. Voltei a sentir prazer em frequentar Jockey e assistir as corridas. De repente, no entanto, o tempo volta atrás quando fico sabendo da morte do Ernani. Para a alegria de momentos como aquela noite de autógrafos; para a tristeza de termos sido descartados como velhos “guardanapos de papel”.

Como disse o Ernani no livro: “Detesto quando começam a empilhar as cadeiras. E a minha saideira, cadê?”

Nunca deixei de sonhar que ainda voltaríamos aos bons tempos. Jamais deixarei de buscar isso, mas sempre ficará faltando alguma coisa por não podermos mais fazer isso juntos. Pelo menos nas corridas de cavalo daqui da Terra. Porque agora o Varêda já tem com quem dividir o trabalho no céu, com comentários de Luis Reis, “o cabeleira”, Haroldo Barbosa, “o pangaré”, e do meu querido pai, o Bolonha.

Por aqui, continuo torcendo pela pronta recuperação de outro amigo que também foi descartado nessa leva e vem sofrendo por isso, Hugo Paim. O “professor de verdade” está internado no hospital Rios D’Or, em Jacarepaguá.

Mas o descarte não parou por aí, e o Natan Pacanowski, o grande radialista, o Pacheco da Copa de 1982, o herói que um dia resgatou meu filho pequeno perdido na praia, também está com problemas de saúde.

Que os turfistas possam rezar por nós, e Deus olhe por todos.

Um comentário:

  1. Querido Bolonha !!!
    Bom saber que vc voltou a frequentar o Jockey e assistir as corridas, no sábado após saber do falecimento do querido Ernani, tive a vontade de passar por aqui e não fiquei nem um pouco surpreso de encontrar seu texto, fiquei feliz em ver o Jornalista que voltava a escrever, pena que a razão tenha sido o ocorrido...Gostaria de deixar aqui uma pequena mensagem e palavra que não sei se servirão para algo, mas gostaria de lebrar a vc que tudo na vida passa, principalmente os homens, o poder eterno é o de Deus, não o de um homem que HOJE está Presidente a frente do JCB. Vocês fazem parte da história do Turfe brasileiro, vocês não foram descartados por nós turfistas, pois o atual Presidente pode ser empresário bem sucedido, apreciador do Clube Social do JCB, mais não é um Turfista...Com certeza as preces de nós turfistas, serão feitas e direcionadas a todos vocês, espero de coração ainda lhe encontrar junto ao Professor Paim e o Natan, fazendo aquilo que vcs sempre fizeram, que é engrandecer o nome do Turfe.
    Infelizmente hoje perdemos mais um GRANDE Turfista, se foi o Chico, com certeza nesse momento já deve ter sido recepcionado pelo Ernani, Varedinha, seu Pai e tantos outros...
    Deus abençõe a VC e a todos nós que somos verdadeiros Turfista e não estamos turfistas momentâneos...
    P.S Vê se lembra dos amigos que tanto te querem bem e aparece por aqui de vez em quando...rsrsrs Se arranjar uma barbadinha contra prá nós...Vlwwwwwwwwwwwwww
    Luciano Mendes
    luciano.celia@uol.com.br

    ResponderExcluir