por Fernando Botelho
Freqüentemente, aos domingos, íamos, a família, almoçar na residência de Zizi e Ernani de Freitas, um mago no preparo de cavalos de corrida, excepcional treinador da família Paula Machado. Era uma casa chique, em uma rua charmosa, chamada Leblon.
O almoço sempre era fidalgo, preparado com esmero pelas mãos experientes de Zizi, porém normalmente agitado e corrido, devido ao início das corridas.
Certa vez, em meio à refeição, como de praxe, o telefone não parava de tocar. Eram os amigos mais próximos querendo saber as “informações” para aquele dia.
Ernani aflito em terminar o almoço pedia para Zizi atender as ligações e, na medida em que ela informava o nome do interlocutor, ele dizia: “Todos menos Hulha”. Eram cinco inscrições naquela tarde de outono.
Findado o almoço, saímos apressado para o hipódromo, levando meu filho, que iniciava o gosto pelo “esporte dos reis”.
Queria chegar a tempo de fazer a tradicional acumulada de vencedor, com quatro indicações invertidas em três e no duro, algum reforço, sendo que o fecho era em Holcar, a melhor indicação daquela reunião. E assim o fiz.
Passados os quatro primeiros páreos, minha acumulada já havia “furado” o padrão integral, pois no terceiro páreo, Glamour chegou à cabeça do vencedor.
Chegava à hora da principal prova daquela tarde, o grande prêmio que não me recordo do nome. Era uma prova que Loretta, do Stud Seabra, era “páreo corrido”. Dada à largada, Hulha, égua veloz, foi para a ponta e fez o “train de carreira” tranqüila, do jeito que gostava, em uma pista pesada. Na entrada da reta, continuava folgada, enquanto Irigoyen começava a se mexer com a Loretta. Ao final da prova, Hulha resistiu bravamente ao assédio da grande favorita, derrotando-a por menos de uma cabeça. Pule astronômica.
A reunião continuou em meio a um desconforto por não ter jogado nenhuma pule em Hulha, porém na esperança da acumulada feita poder ainda ser vencedora. Essa esperança foi por água abaixo no páreo seguinte, quando novamente o animal do haras São José & Expedictus chegou em segundo lugar, assim como Holcar, a grande barbada do dia, no oitavo páreo. A outra indicação chegou em terceiro.
Resumindo a história, “Todos menos Hulha” virou de cabeça para baixo. Para consolo, deu a Nhonhô e à família Paula Machado mais um Grande Prêmio e a confirmação que “páreo corrido” não existe.
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