quinta-feira, 11 de setembro de 2008

CARTA AO MEU PAI BOLONHA

Por César Bolonha

Querido Papai:

Como vão as coisas aí no céu? Tens encontrado com Haroldo Barbosa, Oscar Vareda e companhia?
Mamãe e minha irmã Daisy estão bem? Diga a todos que estou cheio de saudades e continue cuidando de minha filha Giselle como você sempre fez muito bem. Obrigado.

Algumas notícias aqui da terra não são muito boas. Teu América caiu pra segunda divisão do Rio e teu Salgueiro não ganha um carnaval desde 1993. Por outro lado, minha Beija-Flor tá arrebentando, só tem dado ela. Porém, meu Botafogo tem batido na trave por enquanto, mas com suspeitas de melhora...

Todavia, o que quero te contar mesmo é sobre nosso amado Turfe. A propósito, gostou do meu Blog? Quem dera na tua época você com um desses na mão, não é papai... é a tecnologia, cada vez mais avançada...

Você era daquela época do Radinho, dos programas matinais que tantas pessoas ficavam ligadas, da Revista Rio Turfe, que chegou a ser mais vendida que a revista do próprio Jockey Club, e claro, da época em que informações de bastidores eram as que madrugávamos para tomar conhecimento mais amplo. Todo dia me lembro daquelas nossas correrias entre Prado, Estúdio e Redação. Como aprendi contigo meu velho pai...

E muito por causa disso, passei a trabalhar no ano de 1995 para a TV do Jockey, na época também uma inovação em termos tecnológicos. Imagine você papai, que a partir dessa época, as corridas, reportagens, bastidores, mesas-redondas, começaram a ser transmitidas ao vivo, dentro das casas das pessoas. E eu desempenhando meu papel e fazendo aquilo que mais gosto na vida. Foi um barato!

Digo foi no meu caso papai, pois não é mais. Após 14 anos de vínculo empregatício com o Jockey Club, eu fui demitido.

Já me encontrava surpreso com a demissão de nosso velho amigo de guerra Ernâni Pires Ferreira, dias antes, mesmo sem saber direito os motivos que o levaram a tal, quando ouvi rumores de que talvez outras pessoas que de uma forma ou de outra faziam parte do efetivo, também pudessem vir a ser demitidas.

Mas nem me assustei, não acreditava que após tantos anos eu pudesse ser uma delas. Não eu, que durante tantos anos me dediquei, me entreguei, sequer tive férias, criei jargões, criei programas de TV como o Reta Final e o Bolonha & Cia... além, é claro, de ter sido durante 10 anos o âncora do Programa Turfe Espetacular, exibidos aos sábados e domingos.

Aconteceu mesmo papai, acredite...

Talvez você nem se surpreenda tanto, porque em determinadas épocas de sua vida sofreu com muitas injustiças. Não há como esquecer daquela etapa em que você comentava os páreos "de cima do muro". Mas pelo menos depois eles se redimiram, menos mal.

Na última Quarta-Feira, 3 de Setembro de 2008, recebi um telefonema do atual presidente do Jockey Club Brasileiro, Dr. Luís Eduardo Costa Carvalho, me convocando para uma reunião em seu gabinete. A princípio, achei que pudesse ser alguma surpresa boa, pois no fim de semana anterior eu apresentara um de meus melhores programas nestes 14 anos.

O Presidente, muito sereno, educado e fumando seu charmoso e pequeno cachimbo, infelizmente me deu esta notícia. Ainda incrédulo, perguntei-o se aquilo ali era algum tipo de brincadeira da parte dele, que não podia ser verdade. Ele me confirmou a triste notícia e para talvez confortar-me, educadamente me mandou procurar o caminho da justiça para que meus devidos direitos fossem respeitados.

É chato meu pai, depois de tantos anos, tantas glórias, tanto trabalho, tantas histórias para com o JCB, me ver nesta situação.

Sei que nosso público , nossa gente, os humildes, os apaixonados como nós, continuarão com a fidelidade aqui junto ao blog. Mas tenho recebido diversas manifestações nestes dias subsequentes a este fato de pessoas inconformadas com minha saída da tv, por diversos motivos, até mesmo de que eu era o companheiro de almoço de alguns no fim de semana...

A estes, só me resta dizer que o mundo dá voltas e hoje está assim, mas amanhã poderá mudar tudo. Aprendi isso com você papai, se lembra?

Vou continuar executando minhas tarefas de rotina na imprensa escrita e nos bastidores. E pretendo inovar, mas mantendo sempre a mesma linhagem que você me ensinou.

Prometo continuar honrando teu nome e fazendo o possível para contemplar nossos ouvintes e leitores com as indicações. E estou promovendo o Troféu Jornalista Heitor de Lima e Silva, para relembrarmos em parte a justa premiação por você oferecida aos melhores do ano nas categorias.

Tem muita gente me dando força aqui no blog. Agradeço sempre aos fiéis amigos, que nunca nos abandonaram e desta vez não tem sido diferente. É muito gratificante termos nosso trabalho reconhecido.

Tenho muito mais coisas para lhe contar ainda papai. Essa é apenas a primeira de muitas cartas que ainda lhe escreverei, isso se nosso amigo e papai Deus quiser.

Te Amo!

Teu filho, César Bolonha.

Um comentário:

  1. Linda a mensagem. Nós que acostumamos a acompanhá-lo em suas indicações e seus comentários vamos sentir muita a sua falta. Pelo menos teremos o blog para manter o contato.
    Boa sorte e vá sempre em frente, caro Bolonha.

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